quinta-feira, 2 de abril de 2009

O trabalho na China

O conceito de trabalho aqui na China é completamente diferente daquele que temos na Europa. Trabalhar enquanto o acto de exercer actividade é comum, mas a questão da produtividade ou relevância desse trabalho é perfeitamente irrelevante. O trabalho é visto (suponho eu) como forma de entreter as pessoas e dar vazão à crescente população da China. Por isso é mal pago, por isso vemos gente a mais a fazer trabalho a menos.

Passo a demonstrar o que quero dizer: quando se apanha o barco para Hong Kong, na zona onde verificam os bilhetes temos quatro pessoas a realizar quatro funções extremamente importantes: uma risca o bilhete com um lápis de cor verde, a outra corta o canhoto do bilhete, a terceira empilha os canhotos e a última ficaliza a actividade, não vá alguém por engano riscar o bilhete com um lápis vermelho ou quiçá aldrabar as pilhas de canhotos.

Descendo as escadas para embarcar temos mais duas pessoas a indicar qual será o porto de embarque, porque olhando para o gigante ecrã luminoso seria muito difícil chegarmos lá. Ainda antes de entrar no barco temos mais um senhor que atribui os lugars do barco com pequenos autocolantes, o que seguramente não poderia ser feito por um computador nem por um dos verificadores de bilhetes. Era muito confuso.

De vez em quando vemos uma ou outra pessoa especada no meio do hall numa honestidade imensa perante aquilo que provavelmente lhe mandaram fazer: nada.

Exemplos destes encontram-se em todo o lado: demasiados empregados num restaurante, lojas de roupa com mais gente a atender do que a comprar, etc.

E depois gera-se um ciclo vicioso: os casinos empregam muitas pessoas sem grandes qualificações, o que faz com que os jovens desistam de estudar para ir trabalhar para qualquer lado, o que multiplica por necessidade estes postos de trabalho para encher chouriço. Ainda estou para ver como é que este sistema se vai aguentar à crise.

5 comentários:

  1. Acredito, e digo-te mais. Aqui no Brasil é exactamente a mesma coisa- e até podia dar os mesmos exemplos que tu (já agora, já apanhaste alguém cuja função é estar sentado dentro de um elevador, com o enorme desafio de pressionar o botão do andar para onde desejas ir?!). Pergunto-me: de que interessa trabalharem imensas horas - muitas vezes com múltiplos empregos, se 3 pessoas fazem o trabalho de uma?
    Mas a verdade é que é um sistema que para eles funciona (eficaz), embora que, para nós já nos apercebemos que não é nada eficiente.
    Num país ou noutro, há que dar trabalho a essa gente toda
    bjs

    ResponderEliminar
  2. Gostei muito do quarto parágrafo...continua.
    Beijos.Pai

    ResponderEliminar
  3. Sabes que para entrar no Skol Sensation tivemos de passar por 4 linhas de segurança, onde em todas elas tinhamos de mostrar o bilhete. Ou seja, se o primeiro te deixa entrar, não é de confiança e logo vêm mais 3 pra verificar o mesmo. Mas lá está, têm de dar emprego a esta gente toda!
    No meu condominio temos uma menina que fica à porta da piscina a confirmar quem lá entra. Pq até nem estamos num condominio fechado e só entra quem mora lá ou visitas... Temos também 2 a 3 seguranças dentro da casota, porque um não chega para abrir os portões...
    Bem-Vinda aos países em desenvolvimento!!

    Bjs com saudades!!!

    ResponderEliminar
  4. Lembra-me de uma cena que vi em Cañtão há uns anos valentes - num cenário de obra, um fulano de mangueira na mão enchia um barril, de onde 20 enchiam canecas para espalhar sobre a placa de cimento... suponho que para não secar muito rápido... quando o gajo da mangueira poderia borrifar aquilo tudo sem dificuldade

    ResponderEliminar
  5. Olá,
    Sou DOUTOR em Acupuntura pela WFAS, gostaria de conseguir informações sobre a possibilidade de trabalhar na china com Medicina Chinesa.
    se puder me ajudar meu nome é Sávio Maia e meu e-mail é ismsaude@yahoo.com.br
    Obrigado

    ResponderEliminar