Para se irem orientando
No dia que deixámos Byron Bay o tempo estava esquisito meio com sol, meio a chover. Este é o sinal para nos pormos a andar que é verão e o que nós queremos é muito sol e escaldões australianos. Por isso fomos para Coffs Harbour, onde chegámos perto do final da tarde. A cumprir o ritual de limpeza diário (sim porque somos campistas mas não somos hippies) tomámos um flash-banho nos chuveiros da praia, a lutar contra o tempo antes que fique noite e que o vento nos tire a coragem do banho. São sempre momentos engraçados, nós de bikini, o Miguel de calções de banho, cheios de shampô no cabelo, a saltitar de frio debaixo da àgua geralmente fria e depois correr até à carrinha, toca a vestir muito rápico, num exercício de coordenação, entre malas, sapatos, sacos de pão e cremes solares.
Acordar em Coffs Harbour
De banho tomado começamos outra saga: fazer o jantar. Na verdade, tudo na Juicy é uma saga: fazer as camas, que inclui levantar a tenda lá de cima, tirar os lençóis, por as malas na frente, empurrar os bancos, puxar a cama, "faz força que isso vai lá!" por os lençóis e finalmente dormir. De manhã é o processo inverso. Fazer o jantar involve também mexer malas já que metade habitava na nossa cozinha.
Estamos nós a fazer o jantar quando aparecem dois locals mais um cão que vivem em duas carrinhas, mais ou menos como nós só que não estão de férias. Juntou-se mais uma Jucy com duas inglesas e fizemos um rendez-vous ali no parque de estacionamento, nas nossas cadeiras de campismo. O uncle Jeff e o Uncle ross (os locals) indicaram-nos então um sitio onde dormir sem sermos incomodados pelas autoridades. Dormimos numa bela encosta com vista para o mar. Nessa manhã fomos testar a praia de Coffs Harbour e nada convencidos pusémo-nos a andar para Crescent Head, supostamente a capital do longboarding na Austrália.
crescent head
O parque em crescent head
Queen's Head
No dia seguinte como estavamos no hostel fizémos TORRADAS! coisa que naquele momento nos pareceu um luxo e fomos visitar o hospital dos koalas (eu em grande expectativa porque estou aqui há sei lá quanto tempo e ainda não vi um koala). Se achávamos que iamos poder pegar nos koalas iamos bem enganados: só os vimos a dormir encostados às árvores e o único entretenimento era ler os relatos horríveis do que lhes aconteceu e ver as imagens ainda piores. Mas foi nesse dia que adoptámos o Barry, um koala de peluche que foi a nossa contribuição para o hospital e que nos acompanhou no resto da viagem. Com o Barry a bordo fomos até Seal Rocks, mais um acampamento à beira-mar. Fomos até ao parque Yagon para dormir por lá e ainda passámos umas boas horas na praia deserta do parque nacional. Nessa noite, como de costume, alguém falou no backpacker e eu dormi mal. Acordámos com os rangers a pedirem-nos dinheiro mas safámo-nos e pagámos só por duas pessoas.
Seal Rocks
Yogan park
Chegamos a Port Stephens por volta da hora de almoço e como o Miguel já tinha lá estado levou-nos até um restaurante de peixe (o luxo!!!!). Fomos ver a praia, uma baía de areia enorme, que se liga a uma pequena ilha através de um banco de areia que fica submerso durante a maré cheia. Depois de um bocado na praia acabamos a fazer o jantar e a dormir num parque à beira da estrada ao lado de umas casas de banho mal cheirosas. Mas como havia outras carrinhas lá paradas sentimo-nos seguros. Acordámos sobressaltados com o barulho do camião que limpa as casas de banho (nós a achar que desta é que iamos ser presos). Fomos até a uma das praias para fazermos o famoso sandsurf, do qual poucos registos fotográficos existem (eu depois explico). O sandsurf foi fabuloso: começámos por experimentar sentados mas depois já desciamos de pé, sem grandes acrobacias que as pranchas não tinham footstreps.
Sandsurfing
Fingal bay - port stephens
Depois do sandsurfing começamos a guiar para o interior numa incursão cujo objectivo era fazer um bypass a Sydney e ir a Canberra. Nessa primeira noite acabámos a dormir em Taralga, uma povoação de 300 habitantes (mas com um pub), a cerca de 180km de Sydney. No dia seguinte fomos beber café e não é que Taralga (pela qual me apaixonei imediatamente) tinha NESPRESSO!!! Ganhámos logo o dia. Fomos depois às Wombeyan Caves, umas grutas perto de Taralga e pusemo-nos a caminho de Canberra que era o dia da Austrália e nós achámos que, se havia dia para lá ir era sem dúvida no dia da Austrália.
Taralga
Wombeyan Caves
Chegamos a Canberra e está um calor que não se pode. Como estávamos no parque de campismo (desta vez a pagar) aproveitámos e lavamos roupa, fomos à piscina, enfim essas coisas fixes. Para o final da tarde lá fomos ver essa grande festa do Australian Day. Bom, gostava que houvesse muito a relatar, mas não há: as comemorações eram uma regata de barcos a remo, meia dúzia de tendas e tá feito. Canberra estava meia deserta, ao que parece toda a gente foge da capital assim que pode. A capital da Austrália é uma cidade que foi encomendada: como Sydney e Melbourne não se entendiam sobre qual devia ser a capital, criou-se uma capital, no meio do nada, sem mar e sem graça e que parece uma construção soviética só que com mais bom gosto. Detestei Canberra e não volto lá mais.
No dia seguinte desiludidos com a noite anterior fomos ainda dar uma volta pela cidade a ver um ou outro monumento já que de certeza que nunca iríamos voltar. Continuámos pouco impressionados e por isso fomos a caminho de Jervis Bay, de novo para a costa.
Chegámos a meio da tarde, fomos a um café e paramos perto do centro da vila (que em si é apenas uma rua). Fomos ao pub que ficava ali no nosso quintal, jogámos bilhar (fiquei profissional nestas férias) e voltámos para casa.
Camp ground em Jervis Bay
Hyans Beach
Nessa noite dormimos sossegados e sem interrupções. No dia seguinte o tempo não prometia e por isso ficámos a preguiçar na vila, a beber cappuccinos e a ler os jornais. Mas, como o chamamento da praia é sempre mais alto, fomos até Hyans Beach que reclamava o título da praia mais branca da Austrália (há muitas praias aqui a reclamar esse título). Como o tempo não estava bom fomos até Pebbly Beach, onde estivemos em comunhão com a Natureza, os papagaios e os cangurus. Pude finalmente riscar da lista de coisas a fazer na Austrália dar festinhas a cangurus (e ser mordida por papagaios).
Completamente felicíssimos da vida depois do encontro com o wildlife australiano pensámos ficar por lá a dormir mas o preço não era muito convidativo a somar ao facto de que não tinha chuveiros com àgua quente. Por isso guiámos até Bateman's Bay onde encontrámos o primeiro parque onde podíamos efectivamente acampar de graça. Espectacular. Sem tomar banho (o que foi menos comum do que se possa imaginar) fizemos um BBQ e depois fomos sair para um bar/casino/club onde conhecemos mais personagens australianas (É reconfortante saber que até na Austrália o countryside é sempre cenário de pessoas peculiares.)
Voltámos para o nosso spot meio apreensivos porque durante a tarde tinhamos visto um gang de miúdos lá no parque e não sabiamos se era seguro lá ficar. Mas arriscámos e não houve problema.
Ainda faltam 8 dias para chegar a Melbourne, e ainda vamos a Narooma, Merimbula, Mallacoota, Lakes Entrance, Wilsons Promontory e Phillip's Island. No próximo post.