terça-feira, 27 de julho de 2010

Desta coisa da emigração

Diz o ditado inglês: Third time is the charm. Para mim, esta segunda emigração não sei se é de vez mas que tem um peso muito maior que a primeira, isso tem. Não sei se é por ser um ano, se é por ser para mais longe, desta vez as despedidas custaram mais e a sensação de que tomei um passo verdadeiramente importante assentou assim que pus o pé no aeroporto.

Esta coisa da emigração e de nos mudarmos para uma cidade nova tem muito que se lhe diga. Voltar a fazer do mapa o nosso melhor amigo, redescobrir os supermercados e onde se arranja a melhor fruta, onde se compra o pão ou que marca de iogurtes é melhor. Voltar a comprar as roupas de cama, desta vez num país que, embora menos foleiro que a China, nutre um igual gosto pelas fibras sintéticas. Sem saber (sim porque estanhamente comprar lençóis não é de todo a minha especialidade) comprei uns lencóis que imediatamente me fascinaram por serem brancos (sim, sim, estava traumatizada com os lençóis chineses), mas que depois de dormir neles, percebi que algo estava errado. Então ao que parece, a menina aqui, que está habituada a dormir em lençóis do mais imaculado algodão, comprou lençóis de polyester e algodão, que fazem um atrito contra a pele que é um mimo. Depois de perceber o erro, fui procurar lençóis de algodão e apercebi-me que são uma raridade....pois bem, os que encontrei são cor-de-vinho. Lá se vai o upgrade dos lençóis chineses.

Depois de 40 viagens ao supermercado para comprar as coisinhas todas, lá consegui fazer sopa na nossa pequena cozinha partilhada por 7 (estas conquistas domésticas deixam-me realmente feliz). Comprei uma bicicleta, em segunda mão no site mais espectacular à face do planeta: o gumtree, um site de vendas, tipo amazon, mas só para sydney. De emprego a chinelos, de quartos para alugar a pranchas de surf, tudo se encontra por lá. O que quer que procuras em Sydney, o Deus do Gumtree possui.

Resta agora encontrar um emprego. Já fui fazer o meu RSA (Responsible Service of Alcohol), necessário para trabalhar em qualquer local onde sirvam alcool. Amanhã vou fazer um curso de Barista (aquela coisa gira de fazer lattes e cappucinos e machiatos, e essas manias todas que os Australianos e Americanos têm com o café - mais valia conseguirem tirar um expresso de jeito, que não conseguem). Acho que vai ser muito enriquecedor, especialmente a parte de aprender a fazer desenhinhos nos lattes - para depois ver um Australiano obeso a emborcar aquilo de um trago.

Por agora é tudo. A ver se este domingo vou a Bondi fazer uma aulinha de surf que ainda não comprei a prancha (embora o Deus do Gumtree já me tenha mostrado umas boas opções).

Ficam umas fotos dos primeiros passeios turísticos por Sydney.

Livraria em Newtown
The aroma festival - festival de café, chocolate e chá
Aroma festival

Bondi (ou porque é que eu estou disposta a demorar 30min a chegar a faculdade todos os dias)


Este dia faculoso, em pleno inverno australiano... dá vontade de ficar por lá e não sair mais. Comecei logo a relativizar: afinal o que é que são 30 minutos de autocarro? Em troca desta luz, deste mar e da possibilidade de surfar todos os dias (sim porque já cheguei há mais de duas semanas e ainda não surfei uma única vez....) Estou completamente dividida. Por agora fico no centro, daqui a uns meses...quem sabe?


Fotos da autoria da Teresa

sexta-feira, 23 de julho de 2010

As primeiras diferenças

A simpatia, sem qualquer dúvida. Entramos num café, numa loja, num supermercado e ao cumprimento segue-se sempre um "how's your day" e uma pequena conversa de circunstância, uma ou outra pergunta sobre de onde viemos, se costuma fazer frio no nosso país. Já tive uma ou duas senhoras de supermercados e lojas a elogiarem as minhas luvas vermelhas.

São duas ou três palavras mas é uma simpatia que nos põe um sorriso na cara e aquece. É tã pouco mas faz realmente a diferença no dia de uma pessoa.

No dia em que fui a um bar com a Lisa, sentado ao nosso lado estava um australiano sozinho. Minutos depois de nos termos apercebido que ele efectivamente estava sozinho, a Lisa começa a conversar com ele e ficamos a conhecer um australiano de Melbourne que era também um apaixonado por Portugal.

Adoro esta abertura de falar com toda a gente. Era bom que nós também fossemos um bocado mais assim. (Embora haja portugueses que também metem conversa com qualquer pessoa, tipo o meu pai)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Quartinho


É pequenino, não fica na praia nem tem uma grande vista. Mas está aconchegante e é bem melhor que os quartos que andei a ver. Para quem me vier visitar, até há uns metros quadarados de chão livre!!!

Agora tenho de ir lavar a roupa e ir comprar comida e um aquecedor que ninguém imagina o frio que anda por aqui (nem eu imaginava!!)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Saying Hello

- Hello, this is my friend Catarina
- Hi how are you?
- Fine! Nice to meet you

Àquilo que é um gesto que se repete vezes sem conta durante o dia segue-se sempre um momento de consternação e de puro embaraço social: estica-se o braço, estendemos a mão, primeiro um aperto de mão, será que na Joardânia apertam a mão? e na Índia? será melhor fazer uma vénia? depois o avanço hesitante para um beijnho, avança ela, avanço eu, ups! demorei tempo demais, ela recua, eu também, afinal é melhor ficar por aqui e evitar mais embaraços, mas não, é parvo, ora toma lá uma beijoca que eu sei que aqui na Austrália só dão um beijinho, prosegue ela para o segundo que fica a pairar no ar e aquilo que era suposto ser um simples "saying hi" torna-se numa experiência sociocultural do ritual do cumprimento.

É giro quando vamos a festas com 40 pessoas de 15 nacionalidades diferentes.

sábado, 17 de julho de 2010

A house at last!

Ja encontrei casa! Hurray!!! (Atencao, post escrito num teclado sem acentos)

Depois de muito procurar, de ver casas absolutamente horriveis pelas quais pediam precos absurdos, encontrei uma casa, nao tao horrivel, e ainda por cima por um preco imbativel. Quando a fui ver, a principio fiquei um bocado desconfiada porque quem me veio abrir a porta (o Victor, um brasileiro) tinha um aspecto um bocado estranho e por fora a casa parecia uma loja com umas cortinhas manhosas. Quando entrei, confirmou-se que a casa era velhota, mas rapidamente percebi que o Victor, que funciona como manager da casa, obrigas o pessoal todo a fazer a sua parte das tarefas domesticas... quando entro na cozinha estao duas francesas de rabo para o ar a limpar o forno. Achei aquilo um maximo porque ao menos ha a garantia de que cada um faz a sua parte e casa se mantem limpa (especialmente acasa de banho - nao me apetece muito ter de tomar banho de havaianas o ano todo)

O que inicialmente me fez ir ver a casa foi o anuncio do quarto, no qual o Victor perguntava: Estas farto de ter gente a morar na sala? Estas farto de ter de partilhar quarto?... claro que os meus olhos se iluminaram. E pronto, la lhe liguei e fui ver a casa.

O Victor depois mostrou-me o patio partilhado pelas tres casas geminadas que ele gere. E' ai, ao que parece que toda a gente se encontra para socializar. Cada casa tem dois andares, e pelo que percebi 6 pessoas vivem em cada casa... das duas uma: ou vai ser uma animacao ou vai ser insuportavel. Vamos ver. Aquilo parece uma residencia das nacoes unidas porque e' gente de todo o lado, do Chile ao Japao, de Franca ao Brasil. Ja sei que ha duas pessoas na casa que fazem surf e vou-me ja colar a eles para ir explorar as praias. Vou assinar contrato para 3 meses e depois logo se ve. Ate porque no sabado fui a Bondi e apaixonei-me por aquilo.

Bondi e' a praia assim mais perto de Sydney, fica a cerca de meia hora de autocarro do centro. Ontem encontrei-me com a Teresa, uma portuguesa que esta ca a fazer investigacao para o seu doutoramento, e fomos a Coogee, outra praia perto de Sydney. Em Coogee encontramo-nos com a Juliana, uma Neo Zelandesa cujo contacto me foi dado pelo Pedro Monteiro (amigo do Tiago, primao mais lindo). A Juliana levou-nos entao a fazer um passeio entre Coogee e Bondi, num trekking de cerca de 6 km, sempre a beira mar, no meio das rochas. Imensa gente a fazer jogging, casas de sonho nas rochas, uma coisa indescritivel! A Teresa tirou fotos e assim que mas passar eu ponho aqui. Bondi e' o postal do que se imagina que e viver na australia: uma praia enorme, tudo a surfar, pessoas na praia a jogar volei, bares pela praia toda, toda a gente com ar de que tem 0 preocupacoes na vida...enfim um sonho!! Se eu tivesse uma mota nao hesitava e tinha ido para la morar! Agora quando se aproximar o verao pode ser que me mude.

No sabado acabamos o dia de turismo a ir ver a Opera House de fora e o porto de Sydney, assim ao final do dia com o por-do-sol, o que foi incrivel.

Falando ainda de contactos que me foram passados, na sexta feira fui a um Wine Bar com a Lisa, uma australiana filha de portugueses cujo contacto me foi dado pelo Ricardo Delgado, C3 que conheci em Macau. Este bar,chamado Gazebo, e' um sitio muito trendy, so com australianos, muito bem decorado e com optimo ambiente, o que foi muito refrescante porque ultimamente so tenho ido a sitios com estudantes e 'e um ambiente um bocado mais manhoso.

Quando me mudar para a minha nova casa, coloco fotos!
(Ah! Ai de quem me falar no optimus alive e do super bock super rock, nao quero nem saber!)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

House Hunting

Estes dias têm sido gastos maioritariamente na procura de casa. E, se eu achava que em Macau ia ser complicado quando lá cheguei, por conta das agências imobiliárias tão badalhocas que não auguravam nada de bom sobre as casas que podiam ter, aqui a coisa não é menos grotesca.

Ao que parece, o mercado imobiliário de arrendamento tem uma procura brutal e as pessoas que procuram têm muitas delas standards de vida bastante baixos (falamos de chineses e asiáticos no geral). No que é que isto resulta? Em pessoas a alugar quartos que parecem despensas, quartos sem janelas, quartos sem portas como já fui ver. Ah, fora os anúncios que explicitam que a casa é tão espectacular que, repare-se! não tem ninguém a viver na sala! UAU!! Que luxo!

Outro estilo de anúncio que muito me fascina são os que procuram mais uma pessoa para um master bedroom que já lá tem a viver....4 pessoas! Verdadeiros fenómenos do entroncamento.

Mas, a verdadeira piéce de resistance do mercado imobiliário é aquilo que os donos carinhosamente apelidam de "sunny rooms". E o que é um sunny room? Um quarto com uma janela enorme e cheio de luz? Exactamente, visto ser a marquise da varanda. Sim, eles alugam a varanda, ain't that great? O que eu achop fantástico é o desplante com que mostram a casa do estilo "ah pois não tem porta e têm um casal aqui à frente, mas olha a cozinha não é grande? e aqui na sala é o quarto do Jonh, yeahh"

...isto vai ser mais difícil do que eu esperava.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Partida e chegada











Partida de Macau

Como não podia deixar de ser, a última noite em Macau foi noite de cais 22! Houve morning glory, houve lulas, houve Tsing Tao e acima de tudo muito jogo de dados, sempre acompanhados pelo grande Carlos (para quem não sabe o Carlos é o empregado chinoca que a Inês baptizou com esse nome e que ele, aparentemente, ou gosta, ou não se importa, ou nem percebe bem o que lhe estamos a chamar - o que é o mais provável).

Depois desse grande noite que acabou como sempre no cubic foi dia de ir para Hong Kong porque o meu voo para Sydney era às 10 da manhã e não dava para apanhar o barco directamente para lá. Como tal o fiquei em casa do Luís que generosamente me ofereceu estadia nessa noite. O que o Luis se tinha esquecido de me avisar era que vivia num 7º andar sem elevador. Ora está-se a ver que com as minhas 20 malas e maletas os meus ajudantes tiveram alguns problemas em por tudo lá em cima.

7 andares subidos e descidos e 10kg de agua perdidos fomos passear em Hong Kong. Seguiu-se jantar num italiano e casa.

Do regresso fica uma impressão de que foi tempo de menos mas ao mesmo tempo a percepção de que para nós realmente o contacto é um tempo mágico, em que temos muito mais diponibilidade para as pessoas e para os programas e muito mais tolerância para com as diferenças culturais. O facto de sabermos à partida (para quem não planeia ficar) que ao fim de 6 meses nos vimos embora, faz-nos olhar para tudo com uma perspectiva de saudade antecipada, de "deixa-me gozar tudo antes que se acabe". Voltar lá fez-me perceber que quando se vive diariamente em Macau as coisas más saltam mais à vista e em vez de peculiares são incomodativas, em vez de exóticas são só chatas. O que não me impede de continuar a adorar Macau e Hong Kong.


Chegada a Sydney!!!!

Cheguei ontem a Sydney por volta das 20h, hora local, mais 9 horas que em Lisboa. O voo foi assustadoramente longo, muito menos pelas horas do que pela quantidade de crianças chinesas que logo na descolagem abriram a goela e choraram até não poder mais. Isso a somar à chinesa que tinha sentada ao meu lado que não parava de beber aguinhas e chazinhos e que por isso me obrigou a sair do lugar umas dez vezes para ir a casa de banho. Inclusive achou que acordar-me para passar por cima de mim não era de todo um incómodo.

Depois segue-se a imigração, a quarentena (não se pode trazer nem objectos de madeira nem conchas, nem nada disso, por muito morto que esteja). Imaginam as hordas de chineses, que trazem sempre mil coisas atrás a terem de abrir os malões para investigar os pauzinhos e as caixinhas com aqueles peixes secos...um mimo.

A seguir a este espectáculo, apanhei um taxi e fui ter a casa do Miguel. Ele está a viver mesmo no centro de Sydney com o unico inconveniente de ter um quarto realmente pequeno. Por isso, como está a sre complicado cá ficar amanhã vou arranjar um hostel. Entretanto na noite da chegada fomos a uns bares e das primeiras horas em Sydney ficou-me desde ja a percepção que aqui vou andar como se não houvesse amanhã. O chamado 20 min walk aqui adquire todo um novo sentido: são sempre 20min e isso não faz ninguém desistir e apanhar um táxi... vamos embora a andar! Dos australianos ficou a primeira impressão de que são muito afáveis, falam com toda a gente e fique deveras impressionada com a simpatia dos porteiros de um bar onde estive (e a sua generosa compreensão quando me pediu identificação e não tinha - e ainda assim deixou-me entrar).

Segue-se as chatices habituais: telemóvel, tratar da conta no banco e procurar casa. Espero já conseguir qualquer coisa entre esta e a próxima semana. Já tenho numero australiano mas telemóvel só amanhã - 0406 832 678

Vou tentar manter isto actualizado, mas peço desculpa por eventuais atrasos. A quem me mandou mail a pedir notícias considere-se respondido pode ser?

sexta-feira, 9 de julho de 2010

As primeiras notícias... de Macau

Depois das despedidas, depois das malas feitas, depois do adeus e de todas as promessas de visitas (quero ver isso!!), a primeira paragem foi Macau.

A viagem foi de desencorajar até os mais aventureiros mais não seja pela dificuldade que é esperar em londres 4 horas sozinha com um trolley, uma mochila e um portátil (imaginam o que é ir à casa de banho???). Isto para depois partilhar o voo com umas centenas de chineses que para além das já muito relatadas qualidades que possuem, gostam imenso de se descalçar nos aviões... e acho que mais não é preciso dizer.
Chegar a Macau é mesmo voltar à segunda casa: os cheiros que há um ano me pareciam estranhos e nauseabundos, agora fazem-me dos lugares, das pessoas e das experiências passadas. Sem me aperceber relembro os nomes de todos os restaurantes, de algumas lojas, reconheço caras que só conhecia de vista, reconheço os novos prédios, as obras que acabaram.

Por enquanto tem sido turismo durante o dia e petiscada durante a noite. Já fui visitar grande parte dos templos culinários de Macau, aqueles que me fizeram mais saudade. Mas, como sempre, guardámos o melhor para o fim e amanhã lá vamos em romaria para esse símbolo incontornável de Macau: o Grande Cais 22.
Domingo parto para Hong Kong onde devo dormir para apanhar o meu voo para Sydney na segunda-feira.

Pede-se a quem possua fotos do jantar de despedida que mas envie!