terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Fazer anos em Macau

Este último aniversário vai para sempre ter um cheirirnho do Oriente. Na quinta-feira, dia 19, jantámos em casa do Mário, do Zé Maria e do Ricardo (os nossos vizinhos do 25º andar que são basicamente os nossos anfitriões de macau, que nos emprestam tudo, desde a varinha mágica, a pratos, copos e outros utensílios e que ainda para mais nos dão de comer quando estamos sem nada em casa). Depois do jantar cozinhado pelo Mário, que junto com os seus flatmates são a prova viva de que os dotes culinários não são de todo apanágio do género feminino, lá ficamos na conversaà espera da meia noite (16h em portugal). Quando chegou a tão esperada hora, os meninos, num laivo de génio altamente disruptivo, pegaram num magnum, partiram lhe o pauzinho, enfiaram no no topo do magnum e tcharam......temos bolo! Lá cantamos os parabéns, em português e numa tentativa de cantonense (tzu ni schanze quai lê - é a forma mais parecida de vocalizar a coisa). Partido o margnum em 8 pedaços (sim é possivel), comemos o geladinho e foi tudo dormir que a festa a sério era sexta.

Na sexta-feira fomos todos jantar ao café Lisboa, lugar que já se tornou parte da minha estadia em Macau visto que foi o primeiro sítio onde fui quando cheguei e agora onde comemorei os meus anos. Ao jantar foram 13 pessoas, o que neste caso até foi número da sorte, todos portugueses e uma singaporiana. Jantámos comida portuguesa, da qual não posso mesmo dizer que tivesse saudades porque aqui há imensos restaurantes portugueses. Depois cantámos os parabéns, num mini cheesecake que de novo me fez recorrer a toda a minha mestria na arte de cortar em pedacinhos pequenos, e então a Inês saca de um embrulhozinho para me dar.

Como ela foi durante o dia inteiro extremamente discreta a organizar a oferta do presente, já me tinha avisado que era apenas uma lembrança. Mas, nada fazia antecipar aquilo.............uma caixa de ferrero rocher. Bom, eu aí pensei: claro que a intenção é que conta, mas UMA CAIXA DE FERRERO ROCHER??!! Tipo, nem sequer são duas??!! Quando olho melhor, vejo que os ditos chocolates estão com as formas um bocado esquisitas, parecia que tinham passado o dia inteiro ao sol...... Sem perceber muito bem, olho melhor e vi que tinha lá qualquer coisa escondida e que afinal não tinha chocolates nenhuns e era so mesmo as pratas. Pois é, ofereceram me UM IPOD!!! Desta é que eu não estava mesmo a espera!! Fiquei um bocado emocionada, foi muito bonito.

Depois do jantar fomos para um sítio que é a mercearia 33, uma espécie de loja de conveniência com umas mesas cá fora, o que serve de desculpa para passar a ser um bar, e a seguir cubic e DD2 que é para não variar muito. Claro que desta vez foi mais giro, porque, pelo menos para mim, o espírito também era outro. Muita música comercial depois fui para casa dormir para ir para Hong Kong no sábado.

Em Hong Kong fomos sair também, o que foi muito refrescante porque aquilo tem muito mais bares, muitos ocidentais, muita gente na rua. Percorremos uns bares, dançamos aqui e ali, vimos uma banda chinesa tocar clássicos do rock (o que, primeiro estranha-se depois entranha-se) mas como estavamos exaustos da noite anterior não nos deitámos muito tarde. No dia seguinte decidimos ir ver o tal Buda, para ao menos fingir que passeámos.

O Buda fica no topo de um monte, para o qual se sobe de teléférico. Até aí tudo bem porque já andei de teleférico milhares de vezes, sem problema. Bom, o teleférico passa à vontade uns 20 metros acima da àgua e para além do mais estava um vento impensável, pelo que o que era suposto ser um passeiozinho agradável ,se tornou numa contagem de segundos até à chegada e uma revisão mental de possíveis estratégias de sobrevivência caso aquilo caísse. Mas lá chegámos tranquilamente, ansiosas pela viagem de regresso.

O buda é giro, está no topo de uma colina, que exige subir uma escadaria nada simpática. Cá em baixo os chineses, como bons aproveitadores que são das oportunidades que lhes surgem, imediatamente viram o potencial de mercado do buda, e assim, à saida, há lojas de budas estampados, esculpidos, fotografados e pintados em tudo o que se possa imaginar. Também há uma starbucks, templo espiritual do café, o que num lugar como aquele não poderia de todo faltar. E também há uma loja de sapatos, não vá alguém decidir oferecer os seus sapatos ao buda.

Para sair do buda..... mais uma viagem de teleférico, desta vez com uma família indiana que foi alegremente a falar connosco e entre eles, ignorando totalmente o potencial perigo daquela brincadeira. Fora do teleférico fomos às compras para as lojas fantáticas que há em Hong Kong (era só a H&M mas depois de um mês rodeada de lojas do chinês pareceu-me a Chanel). Voltamos para Macau à noite, aproveitando o ferry para recompôr os sonos. Mais uma vez Hong Kong soube a pouco.

É escusado dizer que senti muita falta de toda a gente em Portugal, ainda por cima o meu telemóvel não recebe as mensagens de portugal (que eu espero que me tenham mandado!!!)


As meninas do 37ºB



Sim aquele cheesecake era para os 13 do jantar e mais quem apareceu


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Um cheirinho da vida em Macau

Work hard to play hard. Este parece ser o mote de viver em Macau. Trabalhamos das 9 às 19 e há inclusive quem trabalhe ao sábado. Mas isso não impede que a festa aconteça às Sextas e sempre aos Sábados. Aqui a noite não é muito variada, acabamos sempre por ir sair aos mesmos sítios. Neste fim de semana fomos na sexta feira ao cubic que é uma discoteca num centro comercial (estilo imaviz mas menos decadente) que tem ao lado outra discoteca que também frequentamos habitualmente, o d2. A vantagem destes nomes curtos e bastante ocidentais é que não temos de nos pôr em aventuras pelo estranho mundo dos tons do cantonense e podemos dizer o nome ao taxista no nosso melhor sotaque ocidental (com excepção do bar MP3 que traduzido em inglês-à-cantonense se torna "eme pi fee"). Dentro das discotecas a música é sempre comercial, dentro do estilo hipo-hop para dar às chinesas uma hipotese de mostrar os seus dotes na pista. A certa altura farta um bocado mas como noite é noite, dança-se, ri-se, chega-se a casa de manhã e no dia seguinte começa-se tudo de novo.

Depois de sexta tivémos uma festa em casa de um C2 (um veterano do contacto) uma espécie de tertúlia lusa em terras chinesas que foi espectacular. Ele mora na ilha da taipa, numa casa enorme, mas que por ser um apartamento nos obrigou a andar descalços pela casa para não incomodarmos os vizinhos. Para quem não sabe, eu odeio pés, pelo que aquilo começou a assemelhar-se assustadoramente com um pesadelo tipo Hitchcock, com pés e meias e pés sem meias por todo o lado. Acabado o serão foi tudo de novo para o cubic.

Durante a semana a nossa rotina tem sido quase trabalho-casa com um intervalo na hora de almoço para convivermos um bocado pelo centro. Mas como o nosso prédio é quase o guetto dos portugueses, acabamos sempre por fazer jantares de exibição culinária entre o nosso apartamento e o dos rapazes no 25 andar. Muitos dos tugas expatriados estão muito bem orientados aqui em Macau e alguns já falam cantonense fluentemente (ou pelo menos sabem mais que o meu quintal de vocabulário), o que dá imenso jeito quando por exemplo, queremos que no supermercado nos levem as compras a casa. Ora, explicar isto por gestos não é assim tão fácil quanto possa parecer, e nem todo o meu treino a jogar party & co. me safou dos olhares de absoluta incompreensão da senhora da caixa. Nestes momentos, puxa-se do telefone e liga-se ao Zé Maria que muito amavelmente lá fala ao telefone com a senhora e lhe explica o porquê de tanto gesticular da minha parte. É de calcular que o próprio gesto de passar o telefone à senhora da caixa não é algo que eu esteja muito habituada a fazer mas ela não se mostrou nada reticente em trocar dois dedos de conversa com um estranho ao telefone. Ao menos isso.

No dia-a-dia os gestos são algo muito útil: aponta-se o que se quer, faz-se em gestos os números, e quando o pedido é mais complexo entra-se num verdadeiro desafio de criatividade e expressividade corporal. Porque perguntar em inglês é inútil, pedir indicações é um luxo a que aqui não nos podemos dar. Para chegar a casa de táxi tive de me dirigir à paragem de autocarro e escrever em caracteres chineses o nome da rua que sabia ser lá perto. A Inês ainda temeu que a minha escrita nos levasse até Coloanne ou pior mas a coisa lá correu bem. Todos os nomes das ruas estão em português e cantonense mas o primeiro é totalmente inócuo.

Assim, as coisas mais simples aqui podem facilmente tornar-se grandes desafios: ir às compras implica ler todos os rótulos para ver a proveniência dos alimentos (ninguém quer jogar roleta russa com o leite chinês) os congelados têm formas esquisitas, que variam entre aquilo que tendo a certeza que é peixe, dá para duvidar, e aquilo que tendo mesmo a certeza que não é carne, está lá escrito que sim. Felizmente ainda não tivemos nenhuma surpresa desagradável.

Entretanto temos assistido a mais particularidades da cultura chinesa, algumas que são apenas diferentes, outras que fazem despertar em nós a mais convicta repulsa. Mas isso fica para um próximo post para eu reunir fotografias ilustrativas.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Casa nova, vida nova!

Finalmente mudámos de casa!! Foi uma busca incansável, um vai e volta entre agências imobiliárias nas quais os senhores não falam uma palavra de inglês e fazem gestos para te explicarem que o prédio tem elevador (uifte, UIFTE!!) ou quando falam é tão mal que à décima vez de perguntar "excuse me??" já me sentia mal e desistia de perceber em que andar era, se tinha mobilia, se tinha baratas ou qualquer outra coisa. Depois há as agências mais sofisticadas, nos prédios novos dos arredores (se é que se pode chamar tal coisa) de Macau. Nessas, sempre que pedíamos um apartamento de 4 quartos lá nos iam mostrar um apartamento com 3 quartos e um quarto/despensa/possível closet da empregada. Aqui ter uma empregada é muito barato (são todas filipinas) e se lhe oferecerem casa ainda mais barato fica. Daí o quarto da empregada, daí não encontrarmos casas com 4 quartos de gente.

No fim acabámos por desistir e ir para areia preta (os tais arredores) para um apartamento bastante grande com três quartos e sem quarto do escravo. Tem um condomínio fabuloso com piscina exterior cheio de palmeiras e um health club. A melhor parte é que a maior parte dos portugueses mora naquela zona e naqueles prédios. Temos na nossa torre uns amigos de cá a uns míseros 12 andares abaixo. A nossa casa é no 37º andar (nunca morei nem acho que vou morar tão alto na minha vida), o que nos dá uma vista fabulosa! A casa está mobilada mas não tem forno (ao que parece eles não usam muito o forno) e estava imunda. Não sei o que é que se tinha lá passado entretanto mas tinhamos uns chinelos, uma escova de dentes, panelas, molhos de soja e outras coisas que tais, já meio podres, na nossa cozinha. A agência ainda lá mandou alguem limpar aquilo, mas elas só limpam onde se vê, ou seja o chão e pouco mais. Assim, lá pusemos mãos à obra e limpámos a casa quase toda. Sujidade à parte a casa é muito boa, os quartos são grandes, e tem uma suite que ficou para a Joana (que em conjunto com a Inês formam as minhas "housemates"). Mas, como estamos na terra do sol nascente, há que ver realmente o sol a nascer.... todos os dias, porque os cortinados não têm blackout! Ah e estamos a falar de uma janela que ocupa a parede toda. Eu durmo com aquelas vendas dos aviões, o que não é nada simpático porque basta uma volta na cama e acaba-se com o elástico no nariz. Vamos tentar resolver isso.

Entretanto fomos comprar as infra-estruturas básicas de uma casa: tachos, panelas, taças, copos, facas, colheres de pau e por aí adiante. Já estreámos tudo num misto entre o entusiasmo de estar a cozinhar na nossa casa e um pouco de medo que aquilo à primeira se partisse tudo ou deixasse a comida a saber a petróleo. Correu tudo bem, e temos partilhado grandes jantares entre o 37º e o 25 andares. Também tivemos de comprar lençóis e toalhas, o que levou a que para tentar poupar uns trocos comprássemos os lençóis mais feios que já se viram. Os da Inês parecem uma toalha de piquenique, os da Joana, num estilo retro, cheios de bolas e linhas pretas, parecem um flashback aos anos 80 e os meus parecem uma toalha de plástico da tasca. Um mimo.

No meu quarto, já espalhei tudo que me deram, o calendário (este mês é a fotografia com o feiticeiro do vodoo), o íman no frígorifico, a etiqueta da mana na cómoda e uma data de fotos no armário, para ver se aquele vazio branco se torna um pouco mais acolhedor.

Finda a procura da casa, começa uma nova vidinha, mais confortável.

Esta é a minha morada: Av. central da areia preta, edifício Lá Cité, torre 3, 37ºB, para quem lá quiser ir bater à porta.

Ficam as fotos do nosso palácio



O meu quarto

O salão nobre

A nossa vista da sala
O frigorifico tão bem decorado


No dia da mudança



domingo, 8 de fevereiro de 2009

Hong Kong

Finalmente posso relatar o nosso passeio a Hong Kong, num dos primeiros fins de semana que chegámos a Macau.

Fomos de manhã cedo para aproveitar o dia, porque não tínhamos a certeza de conseguir alojamento por causa do ano novo Chinês (o que acabou por acontecer). Apanhámos o barco, que é um catamarã que atravessa uma distância imensa em cerca de uma hora e desembarcámos em Hong Kong.

A primeira impressão é de que saímos de uma aldeia para uma cidade a sério. Há metro e eléctricos, o que em Macau não existe (temos de andar nos autocarros apinhados de gente ou de táxi). As pessoas falam inglês, e a influência ocidental é muito mais evidente.

Depois de discutirmos o que é que iríamos visitar, concordámos em ir ver um templo no meio da cidade. Como era ano novo chinês, o templo estava cheio de gente a prestar homenagem (aos deuses?? aos antepassados??) acendendo incensos com os quais desfilam pelo templo, sempre erguidos à altura da cabeça. A quantidade e a forma dos incensos variam, desde aqueles que levam um ou dois pauzinhos, aos que trazem mãos cheias de incenso, que enchem o templo com fumo e que passado um bocado já me estavam a pôr meio mal disposta. Depois param nos santuários e rezam um pouco, encostando o incenso à testa e fazendo várias vénias. No espírito das comemorações lá fomos nós fazer o mesmo. Ainda cometemos um faux pas: baixámos os incensos, ao que veio logo uma senhora muito prestável explicar-nos que tinhamos de andar com aquilo sempre para cima.
Além do incenso, fazem oferendas de comida, que constituem autênticos banquetes à porta do templo. Desde laranjas e maçãs, passando por patos e leitões (inteiros ou aos pedaços), tudo serve para alimentar os antepassados e deixá-los bem satisfeitos. Quem aproveita também o festim são os pobres de Hong Kong que fazem uma visita ao templo por motivos muito menos espirituais: pegam num saquinho e toca a enche-lo com o leitão e o pato e tudo o que estiver à mão.

Depois do passeio dos incensos, deixamo-lòs nuns vasos de areia à porta do templo, para que passado algum tempo chegue lá um senhor e mande aquilo tudo para a fogueira. Há que perceber, se não o fizessem ficavam os canteiros cheios daquilo e uma fumarada que ninguém aguentava. Ainda assim parece um bocado falta de respeito pela nossa oferenda, mais as rezas e o passeio que fizémos.

Entretanto subimos ao templo onde existiam umas almofadas inclinadas, onde as pessoas de ajoelhavam com uns copos de bambu cheios de tirinhas de bambu e lá ficavam a abanar aquilo vigorosamente até saltar uma palheta e depois escrevinhavam qualquer coisa nuns cadernos. Nós não estavamos a perceber nada, mas lá veio outra senhora explicar-nos que aquilo era um oráculo e que se fazia uma pergunta (aos deuses?? aos antepassados??) e que abanando o copo saltava uma palheta numerada que correspondia a um poema-professia que deveria ser a nossa resposta. Claro, fomos lá experimentar aquilo. Ainda não fui ver as professias que me calharam, mas aposto que são extremamente pertinentes.

Depois saímos do templo e fomos visitar um jardim também no meio da cidade. O jardim é lindíssimo cheio de bonzais e de lagos recheados de carpas koi enormes. Acho que as fotografias falam por si.

Começou a aproximar-se a noite pelo que não dava tempo para ir ver aquele que é o ponto mais turístico de Hong Kong : o maior buda de bronze sentado do mundo (se estivesse de pé já não contava) no topo de uma colina. Assim, decidimos subir ao Victoria's Peak, para ver a vista lá de cima. Enquanto caminhávamos para o eléctrico que sobe até lá, testemunhamos o programa de fim de semana dos emigrantes filipinos: vêm para a rua, estendem uma toalha e sentam-se naquilo que supostamente é um piquenique urbano mas mais parece um campo de refugiados. Comem, jogam, e conversam a tarde toda ali, no meio do passeio, no meio da cidade. Cada um entretém-se como pode.

O eléctrico para o Vistoria's Peak parece o do corcovado no Rio de Janeiro, mas muito mais inclinado e muito mais rapido. Chegados la acima fomos logo ver a vista que é verdadeiramente impressionante. Como estava quase a anoitecer decidimos esperar pela noite para ver o espectaculo de luzes com que os arranha-céus de Hong Kong presenteiam os céus nocturnos, numa demonstração do potencial de entretenimento da arquitectura e num desperdício de electricidade que só goza literalmente com qualquer questão ambiental. Ainda por cima não é nada de especial.

Ao voltar de lá de cima fomos comer qualquer coisa e seguimos para a zona dos bares onde nos encontrámos com os outros C13 que estão em Hong Kong. A zona nos bares é onde se vê claramente que muita coisa inglesa ficou em Hong Kong: são imensos pubs, cheios de ocidentais, coisa que não se vê praticamente em Macau, e uma animação de rua muito ao estilo do nosso bairro alto.
Perto da uma da manhã apanhámos o barco para Macau exaustos do passeio, mas cheios de planos de regressar para um fim de semana a sério, para aproveitar a noite e ir ver o tal Buda.
As fotos de Hong Kong foram tiradas e cedidas pelo Sérgio, o nosso master fotografo do dia.







quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Zhuhai



Zhuhai é o ponto de contacto entre Macau e a China continental. Porque é que Zhuhai é conhecido? Por ter um enorme centro comercial assim que se passa a fronteira, uma autêntica meca da contrafacção que nos recebe de braços abertos mal entramos na China.

Porque se não fosse assim se calhar desiludia, Zhuhai é um buraco. Literalmente. Começa num nível abaixo do chão, ainda ao ar livre e depois vai caminhando para a obscuridade dos pisos -2 e -3. É como uma enorme, babilónica loja dos chineses onde se pode encontrar de tudo: desde lingerie a roupa masculina e feminina, a comida, a electrodomesticos, sapatos, telemoveis, mp3 e todos o seus acessórios. Claro que as malas luis vuitton lá estão fortemente representadas bem como outras marcas igualmente conhecidas. E a garantia é de que tudo é 100% contrafeito. Eles tornaram-se uns mestres no assunto: vi iphones a 80euros que não só são iguaizinhos aos originais mas....funcionam, e há testemunhos de pessoas que os compraram e que dizem que duram até hoje. Bom eu não arrisco, mas realmente é tentador. Há inclusivé categorias de contrafacção, que começam na A e deve acabar nas t-shirts pum ou pamo e cuecas calin klain.

Lá dentro a probabilidade de nos perdermos é enorme, são corredores e mais corredores cheios de lojas que nos parecem todas iguais e onde perdemos qualquer sentido de orientação.

Mas fomos, e de facto fazem-se algumas compras boas. É claro que ao fim de 2 horas a negociar preços através de uma calculadora, uma pessoa farta-se e só quer ver Zhuhai pelas costas. Mas ainda havemos de la voltar, comprar um relogio gucci ou uma mala prada, porque não se pode sair de lá sem uma imitação.





Perdidos em Zhuhai

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Snapshots


O consulado português - o nosso local de trabalho, antigo hospital




No autocarro a ir para zhuhai


Incensos num templo no centro de Macau


O fisherman's warf


Fisherman's warf

A dança do dragão


Lost in translation

Vou tentar não cair em análises-cliché de índole imperialista, mas realmente Macau é um lugar estranho. Aqui conduz-se à direita, o que demonstra a influência que Hong Kong tem sobre Macau e a que os Ingleses tiveram ou ainda têm sobre Hong Kong. Os chineses não cozinham, o que tornou a nossa procura de casa bem mais complicada uma vez que alguns dos apartamentos que vimos apenas tinha um balcão com lava-loiça e um frigorífco (por baixo da bancada, que é para não termos ideia de usar aquilo muitas vezes). Na volta ainda os espertos são eles: compram a comida numa tasca daquelas assim bem fedorentas, levam para casa, comem, e mandam as embalagens fora para os ratinhos e as (muitas, felizes, enormes e voadoras) baratas comerem os restos. Aqui as baratas têm um convivência pacífica com os chineses: no Verão elas invadem as casas e eles não perdem muito tempo a preocupar-se com o assunto, até porque não limpam muito a casa....Agora na altura do ano novo fazem uma limpeza geral, que ao que parece é a única limpeza que muitas das casas vêm. A fazer pandam com as casas, os chineses não aparentam perderem muito tempo em banhos e lavagens no geral. Contudo, as chinesas são extremamente vaidosas: gastam fortunas em unhas que são autênticas obras-primas da escultura em gel, verniz e um ocasional brilhantezinho. Elas vestem-se muito bem, sempre com as pernas à mostra independentemente do frio que possa estar. Também se preocupam com o cabelo, que usam muitas vezes ruivo e encaracolado à custa de muitas permanentes.

E depois temos os chineses, que se vestem num estilo meio punk-skater, que adoram o tunning, têm carros todos artilhados, rebaixados, repintados e depois recheiam-nos com.......peluches. Sim, peluches das mais variadas cores e feitios, desde alguns temáticos (tipo o carro lylo and stich em que tudo tem o stich la pintado, ou bordado ou em relevo) até aqueles que simplesmente enfiaram todos os bonecos de oferta do macdonald's em cima do tablier. É assustador, mesmo. São bastante efeminados por isso a questão do carro também não desilude. Vou tirar uma fotografia para depois mostrar, porque vale a pena.

Ao andar na rua, deparamos com outra contradição chinesa: assoar-se em público é má educação e é grosseiro, mas arrotar, dar puns e cuspir para o chão é tranquilo.... eu muitas vezes não aguentei e olhei para eles com o meu maior ar de nojo e acho que eles perceberam. Afinal existe mesmo uma linguagem universal.

Depois há as pequenas coisas a que no dia-a-dia temos de prestar atenção: os cartões de visita dão-se e recebem se com as duas mãos e não podem ser guardados imediatamente, temos de ficar a olhar uns tempos para ele porque senão é falta de educação. Se pedirmos um copo de àgua na maior parte das vezes dão-nos agua quente, porque eles acreditam que a àgua fria é um choque térmico muito grande e nos faz mal à saúde.

Assim, há coisas que facilmente ultrapassamos e outras que, enfim, se tornam complicadas de rodear. Mas ao menos temos sempre tema de conversa de café.